Coutada do Pedro – Merci, Porto!
1997. A autarquia portuense tinha preparado um espaço para a prática do ténis com o apoio técnico da Associação de Ténis do Porto, mas faltava algo que marcasse de forma inesquecível este arranque. Foi aí que um grupo de jovens empreendedores se aventuraram a proporcionar um momento que a cidade do Porto jamais esqueceria, particularmente os amantes do ténis, a inauguração do Complexo Desportivo do Monte Aventino.
Imaginem o cartaz: Yannick Noah, campeão de Roland Garros e um dos mais carismáticos tenistas de sempre do circuito profissional, Mansour Bahrami, eximio jogador de pares com um ténis apaixonante, Sofia Prazeres, a crónica campeã nacional com 13 títulos e, last but not least, a bela Anna Kournikova, que parava literalmente o trânsito em todas as artérias da cidade (na altura os piropos eram permitidos, e foram muitos, os que ela ouviu…).
O dia, tipicamente portuense, era cinzento com previsão de chuva. Nada que assustasse os determinados jovens da Norténis, que tinham preparado ao detalhe uma jornada de luxo. Foi tudo em grande, até a chuva. Bancadas cheias, bom ambiente mas…”chovia que Deus a dava”. A nova terra batida parecia uma praia, não obstante as tentativas do Sr. Jaime e seus subditos, as bolas afundavam, parecia uma plantação agrícola. Porém, nada conseguiria travar as intenções de realizar a “quadrada”. Até a técnica de regar o court com gasolina para fazer evaporar a água foi efectuada, com êxito, diga-se.
E lá começou a exibição. De um lado Noah e Kournikova, do outro, Bahrami do bigode farfalhudo e a nossa Sofia Prazeres. O menos importante foi o resultado, o que ficou na retina e memória foram os momentos hilariantes proporcionados especialmente pelos “mousieurs”. De tal forma que no jantar oficial realizado num já extinto “Peixe-a-potes”, em Matosinhos (escreviam-se dedicatórias nas paredes), a animação foi inesquecível, com momentos de dança em comboio no restaurante e brindes sem cessar. Uma noite que culminou na festa oficial do Bela Cruz com os nectares da cidade e o brilho da lua no mar a enebriarem as estrelas da inauguração. Foi tão forte a movida que Bahrami e Noah perderam o avião que os levaria no dia seguinte para o Mónaco para um outro encontro de exibição. Nada que não se resolvesse com um vôo tardio. Mas o melhor veio no final. No discurso para o público francês Yannick Noah desculpara-se com o atraso e a voz rouca porque, nas suas palavras tinha tido “ Uma noite inesquecível e muito bem passada na cidade do Porto”. Terminando com um “Merci, Porto!”. Nós somos assim, gostamos de receber bem os nossos amigos.