“Vivias sem ténis?” – Opinião de Pedro Couto
Recordo-me, há alguns anos, em que, pelo simples facto de termos um ou dois tenistas a disputar uma prova internacional, sentíamos orgulho e uma enorme satisfação. Mesmo em provas de menor dimensão.
Hoje, é perfeitamente natural ver quatro ou cinco tenistas no quadro principal de um challenger, por exemplo, e a discutir títulos. Por exemplo, neste Porto Open 2021 temos nada mais, nada menos, do que 12 tenistas portugueses!
Há, indubitavelmente, uma mudança para melhor. Em tudo. Na forma mais profissional como as provas são organizadas, na possibilidade de transmissão em direto do que estamos a ver ao vivo, das condições que os torneios proporcionam aos tenistas e acompanhantes. Mesmo em termos de ténis. O jogo, em si, que era mais pensado e pausado, hoje em dia vive de serviços a 216 km/h ou de direitas disparadas como se de munições de uma arma se tratasse.
No entanto, há coisas que nunca vão mudar: a tensão do ponto, se a bola vai dentro ou fora, se fica na rede, o break no jogo de serviço, o amortie que fica curto, a discussão com o árbitro. Por mais anos que passem, por mais que as raquetes evoluam, que as sapatilhas fiquem leves como plumas, são estes momentos que tornam o ténis apaixonante.
Pergunto com frequência aos principais agentes do ténis se viveriam sem ténis? A resposta é unânime: “Não. Nem consigo pensar nisso”.